sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Os Poetas Confidentes (Vida e Obra)

                                      Cláudio Manoel da Costa

Vida: Cláudio Manoel da Costa (o Glauceste Satúrnio), advogado, magistrado e poeta, nasceu em Vila do Ribeirão do Carmo (hoje Mariana), Minas Gerais, em 5 de junho de 1729. Após seus primeiros estudos com os jesuítas, no Rio de Janeiro, vai, em 1749, para a Universidade de Coimbra para estudar Direito.
Nessa época, entrou em contato com os ideais iluministas e absorveu o clima das primeiras manifestações do Arcadismo. Retornou ao Brasil em 1754, trabalhando como advogado em Vila Rica, Minas Gerais.
Em 1768, lançou seu livro de poesias, ‘Obras’, fundando a Arcádia Ultramarina.
Por ter participado como um dos líderes da Inconfidência Mineira, foi preso quando o movimento foi sufocado. Submetido a interrogatórios, fez algumas declarações comprometedoras sobre seus amigos, entre eles Tomás Antonio Gonzaga.
Foi encontrado morto, enforcado, em Ouro Preto, Minas Gerais,no dia 4 de julho de 1789, não se sabendo se cometeu suicídio ou se foi assassinado.
Obras:
  •  Munúsculo métrico (1751)
  • Epicédio - em memória de Frei Gaspar da Encarnação (1753)
  • Labirinto de amor (1753)
  • Vila Rica (póstuma -1839)
  • Obras poéticas (póstuma - 1903)    



                                            Tomás Antonio Gonzaga

Vida:  Tomás Antônio Gonzaga nasceu no Porto, em 1744. Órfão de mãe no primeiro ano de vida, mudou-se com o pai, magistrado brasileiro, para Pernambuco em 1751 e depois para a Bahia. Aí estudou no Colégio dos Jesuítas e, em 1761, voltou a Portugal para cursar Direito. Durante alguns anos, foi juiz de fora em Beja (Portugal). Quando voltou ao Brasil, em 1782, foi nomeado ouvidor de Vila Rica e um ano depois conheceu a adolescente Maria Joaquina Dorotéia de Seixas Brandão, a pastora Marília, imortalizada em sua obra lírica, por quem se apaixonou e chegou a ficar noivo. Pobre e bem mais velho que ela, sofreu oposição da família. Tornou-se amigo, entre outros, de Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto. Embora não acreditasse nas aspirações sonhadoras dos amigos, ofereceu sua casa para as reuniões do grupo. Sua implicação na revolta de Minas parece ter sido fruto de calúnias arquitetadas por seus adversários. Apesar do pequeno papel nesse evento, foi preso como inconfidente e condenado ao exílio em Moçambique, em 1792. Conseguindo refazer sua vida, ali se casou e atingiu altos postos, morrendo como juiz da Alfândega de Moçambique, em 1810.
Obras:
  • Marília de Dirceu
  • Cartas chilenas
  • Tratado de Direito Natural

                                    
                                                     Alvarenga Peixoto
Vida:  Inácio José de ALvarenga Peixoto nasceu no Rio de Janeiro, em 1743. 
Morreu em Angola (África), para onde foi exilado, em 1792. 
Com 14 anos, improvisava versos e competia com o colega Basílio da Gama. 
Após estudos secundários no Colégio dos Jesuítas do Rio de Janeiro, matriculou-se no curso de Direito da Universidade de Coimbra, formando-se e ingressando na magistradura (foi juiz da vila de Cintra (Portugal) durante três anos). 
Em 1776, está de volta à pátria. Foi nomeado ouvidor da comarca do Rio das Mortes (Minas), com sede em São João del Rei, onde conheceu a poeta Bárbara Heliodora, bonita e prendada, filha de uma família paulista.
Casou-se com Bárbara Heliodora em 1781. Abandonou a magistradura e dedicou-se à mineração. Ganhou dinheiro, comprou fazendas e escravos, levando uma vida feliz com a mulher e quatro filhos, entre os quais Maria Efigênia, "a princesa do Brasil", segundo o pai. 
Implicado na Inconfidência Mineira, foi preso e conduzido para a Ilha das Cobras (Rio de Janeiro), e de lá, em exílio perpétuo, para Angola (África), onde faleceu (1792). 
A família desfez-se: a esposa enlouqueceu, Maria Efigêcia suicidou-se, os outros três filhos sofreram rudemente.

Obras:  
1. O Desertor das Letras (poema herói-cômico publicado em Coimbra, 1774). 

2. Glaura (poemas eróticos, Lisboa, 1799).


                          


quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Arquitetura Mineira (imagens dos profetas esculpidos por Alejadinho)

Abdias, Amós, Baruc, Daniel, Ezequiel, Habacuc, Isaías, Jeremias, Joel, Jonas, Naum e Oséias).
 Abaixo algumas das esculturas feitas por Alejadinho:




O profeta Abdias.








O  profeta Amós.








O profeta Joel.





O profeta Jeremias.







O profeta Isaías.








O profeta Daniel.









O profeta Habacuc.

sábado, 30 de outubro de 2010

As características gerais do Arcadismo

                                             Arcadismo (1768 - 1836)

1.ASPECTOS GERAIS DO ARCADISMO  

a) Duração no Brasil: 1768 a 1836 (século XVIII). 

b) Livro inaugurador: Obras Poéticas (poesias), de Cláudio Manuel da Costa. 

c) Outros nomes para o movimento: 

1.Arcadismo ou Neoclassicismo – São as denominações comuns para o movimento onde quer que ele tenha existido. 

2. Arcádia Mineira ou Movimento Mineiro – Em homenagem ao local em que o movimento nasceu e desenvolveu-se: Minas Gerais, especialmente em Vila Rica, atual Ouro Preto. 

3. Setecentismo – Denominação no Brasil, em seqüência ao Quinhentismo e ao Seiscentismo (Barroco). 

d) O movimento arcádico é um retorno ao equilíbrio e à simplicidade do Classicismo, movimento que não existiu no Brasil, mas que fez sucesso em Portugal. 

e) Imitando a literatura clássica, o Arcadismo mantém postura de oposição ao Barroco. É contra os exageros verbais, as sutilezas da construção, o uso abusivo das figuras de linguagem. Tudo isso na teoria, porque, na prática, os autores brasileiros ainda escrevem fazendo largo uso da antítese e do hibérpato – figuras tipicamente barrocas. 

f) O Arcadismo propõe, pois, uma literatura compromissada com a simplicidade. Nesse sentido, os escritores valorizam quatro palavras: clareza, razão, verdade e natureza. 

g) A própria sociedade da época substitui a fé e a religião pela razão e pela ciência. Daí a denominação de Século das Luzes para o período em que o Arcadismo predominou. 

2. ASPECTOS HISTÓRICO-CULTURAIS 


a) O berço das idéias novas, quer na literatura quer no campo científico, é a França. 

b) Surgem a Física de Newton, a Química de Lavousier, a Biologia de Bueton e de Lineu, a Psicologia de Locke. 

c) Faz-se, pela primeira vez, o emprego da energia a vapor na indústria têxtil inglesa. 

d) O Iluminismo e o Enciclopedismo são os movimentos filosóficos franceses que desencadearam as idéias de igualdade entre os homens. O resultado final foi a Revolução Francesa. 

3. INFLUÊNCIAS DO ILUMINISMO EM PORTUGAL 

a) O século XVIII representou para Portugal um período de evolução e de prosperidade no campo material e cultural. O ouro do Brasil marcou o crescimento econômico, e a absorção dos ideais do Iluminismo fez avultar a importância cultural. 

b) A figura dominante do período é o Marquês de Pombal, ministro de D. José I (1750 – 1777). Modelo de déspota esclarecido, impõe transformações significantes nos setores administrativo e educacional. 

c) Marquês de Pombal expulsou os jesuítas do Brasil e retirou a educação da alçada religiosa, estimulando a divulgação das idéias científicas e fundando as primeiras escolas públicas.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Poemas de alguns autores (Amanda Santana)

 
                   Silva Alvarenga
          Madrigal LVII [Ó águas dos meus olhos desgraçados,]

Ó águas dos meus olhos desgraçados, 
Parai que não se abranda o meu tormento: 
De que serve o lamento 
Se Glaura já não vive? Ai, duros Fados! 
Ai, míseros cuidados! 
Que vos prometem minhas mágoas? águas, 
Águas!... — responde a gruta, 
E a Ninfa, que me escuta nestes prados! 
Ó águas de meus olhos desgraçados, 
Correi, correi; que na saudosa lida 
Bem pouco há de durar tão triste vida.                                                                                                                                

      




                                  Alvarenga Peixoto
              À MARIA IFIGÊNIA      
Em 1786, quando completava sete anos.

Amada filha, é já chegado o dia,
Em que a luz da razão, qual tocha acesa,
Vem conduzir a simples natureza:
— É hoje que teu mundo principia.

A mão que te gerou, teus passos guia;
Despreza ofertas de uma vã beleza,
E sacrifica as honras e a riqueza
Às santas leis do Filho de Maria.

Estampa na tu' alma a Caridade,
Que amar a Deus, amar aos semelhantes,
São eternos preceitos de verdade;

Tudo o mais são idéias delirantes;
Procura ser feliz na Eternidade,
Que o mundo são brevíssimos instantes.

          




                         Tomas Antônio Gonzaga   
      CARTA 1a


Em que se descreve a entrada, que fez
Fanfarrão em Chile.

(...)
Acorda, Doroteu, acorda, acorda;
Critilo, o teu Critilo é quem te chama:
Levanta o corpo das macias penas;
Ouvirás, Doroteu, sucessos novos,
Estranhos casos, que jamais pintaram
Na idéia do doente, ou de quem dorme
Agudas febres, desvairados sonhos.
Não és tu, Doroteu, aquele mesmo,
Que pedes, que te diga, se é verdade,

O que se conta dos barbados monos,
Que à mesa trazem os fumantes pratos?
Não desejas saber, se há grandes peixes,
Que abraçando os Navios com as longas,
Robustas barbatanas, os suspendem,
Inda que o vento, que d'alheta sopra,
Lhes inche os soltos, desrizados panos?
Não queres, que te informe dos costumes
Dos incultos Gentios? Não perguntas,
Se entre eles há Nações, que os beiços furam?
E outras, que matam com piedade falsa
Os pais, que afroxam ao poder dos anos?
Pois se queres ouvir notícias velhas,
Dispersas por imensos alfarrábios,
Escuta a história de um moderno Chefe,
Que acaba de reger a nossa Chile,
Ilustre imitador a Sancho Pança.
E quem dissera, Amigo, que podia
Gerar segundo Sancho a nossa Espanha!

Não penses, Doroteu, que vou contar-te
Por verdadeira história uma novela
Da classe das patranhas, que nos contam
Verbosos Navegantes, que já deram
Ao globo deste mundo volta inteira:
Uma velha madrasta me persiga,
Uma mulher zelosa me atormente,
E tenha um bando de gatunos filhos,
Que um chavo não me deixem, se este Chefe
Não fez ainda mais, do que eu refiro.
(...)
Tem pesado semblante, a cor é baça,

O corpo de estatura um tanto esbelta,
Feições compridas, e olhadura feia,
Tem grossas sobrancelhas, testa curta,
Nariz direito, e grande; fala pouco
Em rouco baixo som de mau falsete;
Sem ser velho, já tem cabelo ruço;
E cobre este defeito, e fria calva
À força de polvilho, que lhe deita.
Ainda me parece, que o estou vendo
No gordo rocinante escarranchado!
As longas calças pelo embigo atadas,
Amarelo colete, e sobre tudo
Vestida uma vermelha, e justa farda:
(...)







                                            Claudio Manuel da Costa                                              
           SONETO I


Para cantar de amor tenros cuidados,
Tomo entre vós, ó montes, o instrumento;
Ouvi pois o meu fúnebre lamento;
Se é, que de compaixão sois animados:
Já vós vistes, que aos ecos magoados
Do trácio Orfeu parava o mesmo vento;
Da lira de Anfião ao doce acento
Se viram os rochedos abalados.
Bem sei, que de outros gênios o Destino,
Para cingir de Apolo a verde rama,
Lhes influiu na lira estro divino:
O canto, pois, que a minha voz derrama,
Porque ao menos o entoa um peregrino,
Se faz digno entre vós também de fama.